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sábado, 1 de dezembro de 2012

Pacificação


     Exposição baseada no texto: "Pacificação" do Livro da Esperança de Emmanuel psicografia de Chico Xavier.
     Ela estava muito cansada. Todo dia era a mesma coisa. Ela se via puxada para dez direções diferentes: filhos, roupas para lavar, compras no supermercado, prazos para cumprir, amigos pedindo conselhos, cartas necessitando respostas, o telefone que não parava de tocar.
Ela se sentia abatida e exausta além da conta. Ele estava irritado. O dia fora difícil, na lida com homens e mulheres cujas vidas estavam desmoronando. Depois de uma hora preso no trânsito, ele encontrou os filhos querendo sua atenção, uma lista de pacientes para quem precisava telefonar e uma pilha de contas para pagar.
Nas primeiras horas da noite, ambos se esforçaram para não gritar, tentando controlar os nervos em frangalhos. De repente, alguma coisa insignificante acelerou o processo de descontrole.
As vozes de ambos se elevaram diante da intensidade da discussão. Sem querer, eles estavam trocando palavras que não desejavam pronunciar. Assuntos que nem eram relevantes foram trazidos à baila. Mágoas passadas foram revividas. Mágoas guardadas e nunca perdoadas.
Uma simples discussão se transformou num debate acalorado. Quando estavam aos gritos, a porta do quarto foi entreaberta. Lentamente. Silenciosamente. Uma mãozinha se esgueirou pela fresta e colocou alguma coisa na porta. Imediatamente, a mãozinha sumiu e a porta foi fechada.
Curiosa, ela se levantou para investigar. Preso na porta com fita adesiva havia um pequeno coração de papel pintado de vermelho, com os seguintes dizeres: eu amo a mamãe e o papai.
Anthony, o filho de oito anos, estava fazendo sua parte em prol da paz na família. Lágrimas de vergonha molharam o rosto da jovem mãe. Marido e mulher se entreolharam, arrependidos por terem permitido que as suas emoções extrapolassem e prejudicassem seu lar. De repente, nem lembravam mais sobre o que estavam discutindo, quando o pequeno Anthony colocou um coração de papel na porta do quarto. Mas eles resolveram deixá-lo colado ali como um lembrete para os dias futuros.

Uma pequena ação de paz, de conciliação, de amor no momento da turbulência, dos ânimos exaltados, da tempestade de sentimentos arvorados, pode restabelecer a serenidade, a harmonia, a paz e evitar conflitos maiores.

Este o tema que hoje nos traz Emmanuel no Livro da Esperança: Pacificação. Pacificação que significa ação de paz, ações de paz. É um convite a nos tornarmos mais pacíficos , mais doce, mais brandos.

O ESE dedica um capítulo à paz, o capítulo 9: Bem-aventurados aqueles que são brandos e pacíficos do qual destacamos o item 6 – A afabilidade e a doçura, mensagem do espírito Lázaro:

            6 – A benevolência para com os semelhantes, fruto do amor ao próximo, produz a afabilidade e a doçura, que são a sua manifestação. Entretanto, nem sempre se deve fiar nas aparências, pois a educação e o traquejo do mundo podem dar o verniz dessas qualidades. Quantos há, cuja fingida bonomia é apenas uma máscara para uso externo, uma roupagem cujo corte bem calculado disfarça as deformidades ocultas! O mundo está cheio de pessoas que trazem o sorriso nos lábios e o veneno no coração; que são doces, contanto que ninguém as moleste, mas que mordem à menor contrariedade; cuja língua, doirada quando falam face a face, se transforma em dardo venenoso, quando falam por trás.
            A essa classe pertencem ainda esses homens que são benignos fora de casa, mas tiranos domésticos, que fazem a família e os subordinados suportarem o peso do seu orgulho e do seu despotismo, como para compensar o constrangimento a que se submetem lá fora. Não ousando impor sua autoridade aos estranhos, que os colocariam no seu lugar, querem pelo menos ser temidos pelos que não podem resistir-lhes. Sua vaidade se satisfaz com o poderem dizer: “Aqui eu mando e sou obedecido”, sem pensar que poderiam acrescentar, com mais razão: “E sou detestado”.
            Não basta que os lábios destilem leite e mel, pois se o coração nada tem com isso, trata-se de hipocrisia. Aquele cuja afabilidade e doçura não são fingidas, jamais se desmente. É o mesmo para o mundo ou na intimidade, e sabe que se podem enganar os homens pelas aparências, não podem enganar a Deus.         

            Muitas vezes em nossa vida social, no nosso círculo de relações nos mostramos como pessoas serenas, tranquilas, de fala doce, suave, mas entre aqueles que conosco convivem no reduto doméstico, dentro de casa ou no ambiente de trabalho, não conseguimos disfarçar por muito tempo nossas imperfeições e nos mostramos intolerantes, impacientes, irritadiços, coléricos e muitas vezes verdadeiros tiranos: pais incompreensivos, esposos indiferentes, chefes dominadores, exigentes ao extremo.

            Temos a aparência da paz mas, a verdadeira paz não habita em nós, a perdemos por qualquer motivo banal, não somos verdadeiramente os brandos e pacíficos bem aventurados por Jesus.

            Emmanuel no Livro Ceifa de Luz nos diz que:
            “A paz verdadeira não surge, espontânea, de vez que será fruto do esforço de cada um”

            Todos almejamos, desejamos a paz mundial, mas não conseguimos manter nossa paz doméstica. Pequenas ações podem nos auxiliar, se cultivadas diariamente com boa vontade e perseverança, pois muitas serão as vezes em que nos deixaremos dominar por nossas más tendências e esqueceremos nosso propósito, mas é preciso perseverança para recomeçar sempre.

            Compreender que estamos aqui para conviver e aprendermos com o outro que com suas virtudes e dificuldades tem muito a nos ensinar.

            Adotarmos atitudes de concórdia, termos a iniciativa do pedido de desculpas, mesmo que o outro esteja errado, mas é preferível ficarmos com a paz do que com a razão.

            Olharmos o erro alheio como forma de aprendizagem e auxiliarmos a resolver o problema sem críticas destrutivas que apenas prejudicam e agravam a situação e os ânimos.

            Não nos aborrecermos com o nosso trabalho que nos prove o sustento e da família e que nos é confiado pela vida por ser necessário ao nosso aperfeiçoamento e progresso. Agradeçamos a benção do trabalho que nos permite prover o necessário aos nossos e contribuir para o progresso.

            Outra importante ação de paz é compreendermos que os nossos ouvidos podem ser extintores do mal. Se o mal a eles chegar será nossa responsabilidade exterminá-lo naquele momento, ignorando-o ou será nossa responsabilidade ter-lhe dado importância e passado a diante.

Nesse momento em que a crítica ao outro, a maledicência, a tragédia nos chega aos ouvidos saibamos exaltar as qualidades, o lado bom daqueles envolvidos, pronunciar palavras de conforto, otimismo e esperança ou simplesmente orar por eles, sem passarmos adiante o mal que nos chega. Não divulguemos o mal.

Em todos os momentos procurarmos compreendermo-nos uns aos outros, nenhum de nós é perfeito, caso o fossemos não mais estaríamos encarnados em um planeta de provas e expiações. Todos temos nossas imperfeições e estamos em diferentes graus evolutivos. Aquilo que nós já compreendemos e que nos parece simples, o outro pode ainda não compreender, não estar preparado. Não exijamos do outro atitudes para as quais ainda não está pronto. Todos estamos aqui dando o melhor de nós. Tenhamos essa compreensão e procuremos respeitar o próximo, vivendo em paz com as nossas diferenças.

É compreensível que em muitos momentos devido às nossas imperfeições tropeçaremos nessas ações de pacificação e nos veremos fazendo exatamente aquilo que não deveríamos. Cabe-nos identificar quando isso acontece, aprender com o erro e recomeçar.

De Lucca no livro Cura e Libertação nos diz que: “Sem atirá-las no próximo, o homem não sabe o que fazer com as pedras que traz nas mãos.”

As pedras que trazemos nas mãos são nossos problemas, nossas mágoas, nossas dores, nossas revoltas... e todos nós as trazemos, mas temos por hábito, quando as mãos estão cheias e o fardo pesado, de atirá-las no outro, culpando-os pelos nossos problemas, pelas nossas dores que são decorrentes unicamente de nossas próprias escolhas...

Utilizemos as pedras em nossas mãos para construir: construir uma escada de elevação moral para o nosso progresso, construir pontes de afeto com o nosso próximo, construir o nosso futuro...

Atirá-las só causa mais destruição: dores, mágoas, rancores, culpas e isso não nos ajuda a crescer, pelo contrário nos faz retornar ao ponto inicial para resgatar aquele mal que foi causado.

A paz que desejamos ver no mundo deve começar dentro de cada um de nós, irradiar-se dentro da nossa casa e dela para fora. A pacificação é uma mudança interna, de dentro para fora. E é uma atitude somente nossa, não depende de ninguém ou de circunstancia alguma para ocorrer, somos nós e a nossa consciência que vamos nos burilando, nos aperfeiçoando a cada dia um pouquinho mais.

Que tenhamos a humildade de encarar nossas imperfeições e pedir ao Pai que nos auxilie assim como fez Francisco de Assis, exemplo de pacificação, quando humildemente pediu ao Pai:

Senhor, fazei-me instrumento de vossa Paz
onde houver ódio, que eu leve o Amor
onde houver ofensa, que eu leve o Perdão
onde houver discórdia, que eu leve a União
onde houver dúvidas, que eu leve a Fé
onde houver erro, que eu leve a Verdade
onde houver desespero, que eu leve a Esperança
onde houver tristeza, que eu leve a Alegria
onde houver trevas, que eu leve a Luz.
Ó Mestre, fazei que eu procure mais
consolar que ser consolado
compreender que ser compreendido
amar, que ser amado
pois é dando que se recebe
é perdoando que se é perdoado
e é morrendo que se vive para a vida eterna.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Evolução: Sublime Caminhar

"As almas humanas estão mais ou menos desenvolvidas segundo suas idades e, principalmente, segundo o emprego que fizeram do tempo que têm vivido; não fomos todos lançados  no mesmo instante no turbilhão da vida; não temos caminhado todos a passo igual, não temos desfiado todos do mesmo modo o rosário de nossas existências. Percorremos uma estrada infinita. Daí procede a razão por que tão diferentes nos parecem as nossas situações e os nossos valores respectivos; mas para todos o alvo é o mesmo. Sob o açoite das provas, o aguilhão da dor, sobem todos, todos se elevam. A alma não é feita de uma vez só; a si mesma se faz, se constrói através dos tempos. Suas faculdades, suas qualidades, seus haveres intelectuais e morais, em vez de se perderem, capitalizam-se, aumentam, de século para século. Pela reencarnação cada qual vem para prosseguir nesse trabalho, para continuar a tarefa de ontem, a tarefa de aperfeiçoamento que a morte interrompeu. Daí a brilhante superioridade de certas almas que têm vivido muito, granjeado muito, trabalhado muito. Daí os seres extraordinários que aparecem aqui e ali  na História e projetam vivos clarões no caminho que a humanidade percorre. Sua superioridade vem somente da experiência e dos labores acumulados." León Denis - O Problema do Ser, do Destino e da Dor.